Clítoris, clitóris, clitorís.

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O clitóris, apesar de única parte do corpo humano com função absolutamente destinada ao prazer – e tendo sempre existido no corpo feminino – só teve sua anatomia de fato estudada e esclarecida em 2008.

2008.

Descobriu-se que o clitóris se estende para a parte de dentro do corpo, e se estabeleceu que o oposto anatômico ao pênis é o clitóris, não a vagina. O clitóris é tão menosprezado como parte importante – importantíssima – do corpo que muita gente que tem um ainda erra seu nome e fala clítoris.

O clitóris é um botãozinho de prazer com mais de oito mil terminações nervosas – o dobro da cabeça do pênis.

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A grafia da palavra é tão controversa quanto todo o resto da sexualidade feminina (se é que se pode chamar de controvérsia a interdição à nossa sexualidade).

Fato é que a palavra tem origem grega, apesar da controvérsia acerca de seu real significado. Clitoris (sem acento nenhuma pra não tomar partido) deriva do radical Kli (que significa inCLInação, e dá origem a palavras como clímax, por exemplo). Também pode derivar do verbo grego Kleio, que significa “fechar” ou “chave”. Soma-se a isso a possibilidade de derivar do substantivo grego Kleitorís, palavra usada para “pequena montanha” ou um tipo de pedra semipreciosa.

Cada origem etimológica carrega um significado para essa importantíssima parte do nosso corpo, e aqui nessa página a gente também não curte academicismos mas acredita que conhecimento é poder. Por isso mesmo, nessa história, o que mais nos parece importante é o fato da palavra clitóris só aparecer nos livros de anatomia no século XIX.

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“Não há justificativa para a eliminação de nosso clitoris, cuja única função é nos dar prazer”

Até o século XVII (no Brasil a palavra começou a circular apenas em 1789) clitóris era uma palavra utilizada para designar – de verdade – pedras preciosas. A falta de consenso – que gera as múltiplas possibilidades de fala e grafia de tantas palavras na nossa língua – tem origem na excessiva cautela e interdição do conhecimento do corpo feminino, pois assim como clitóris é metáfora, vulva, por exemplo, era uma palavra usada para designar a pela das frutas.

Assim, seja qual for a grafia da nossa pedrinha preciosa chave do prazer, o importante é a gente falar sem vergonha. E gozar mais ainda.

Referências:
Morwood, John. The Pocket Oxford Classical Greek Dictionary
Silva, Deonisio. De onde vem as palavras: origens e curiosidades da língua portuguesa.

+ Documentário Clitoris prazer proibido