Arquivo mensal: Maio 2015

Casa das Brasileirinhas: show de realidade

 

Rafinha bastos defeca pela boca

 

O BOSTA do Rafinha Bastos​ vai apresentar a final do reality show Casa das Brasileirinhas. Sobre isso, alguns apontamentos:

1 – Sobre o Bastos, um notório babaca que adora fazer “piadas” machistas e misóginas, não preciso falar muito, há poucos meses atrás ele levou ao palco e rio alto de um outro mané narrando um estupro. (http://goo.gl/dv12YX)

2 – Sobre “AS” Brasileirinhas, também é quase chutar cachorro morto, já que é APENAS mais uma empresa de exploração da mulher como mão de obra e como objeto, promovendo aquela deliciosa pornografia misógina que conhecemos.

3 – Sobre a Casa das Brasileirinhas, ai sim vale um comentário mais longo:

Teoricamente, esse é um reality show onde algumas mulheres vivem em uma casa, cumprem “desafios” e concorrem a chance de ser uma atriz pornô (UAUOHMEUDEUSQUEGLORIA).

A proposta de um reality show dessa catigoria já me soa ofensivo por si só: a pornografia é machista e misógina, a exploração da mulher chega ao limite da exposição e soa mesmo como cárcere privado (mas vamos falar sobre isso em especifico um dia).

A “fórmula” dos shows de realidade (in your face!) já extrapola o entretenimento e alcança a vida real de verdade [1]. Se por um lado há o amadorismo supostamente ganhando espaço e a vida real sendo retratada (existe vida real em frente às câmeras?), por outro a fórmula de regras mutáveis e controle absoluto exercido pelo Big brother (ou produtor, ou diretor, ou financiador) sujeita as participantes [nesse caso] a serem expostas a qualquer humilhação, em nome do jogo e dos “desafios”.

Sem título

“gostar muito de sexo sem restrições” Cuma?!

O tal reality show é, obviamente, voltado para homens. Pra variar, o centro das atenções são as mulheres, mas como bifes em exposição. O centro nervoso da babaquice toda (e por nervoso entenda-se também econômico) é a participação masculina. São os homens que votam, e, pra isso, assinam o serviço que da direito a assistir ao pay per view e TCHARAM! ser ator pornô por um dia.

O grande prêmio é um sorteio para assinantes participarem de uma gravação com uma das aspirantes a atrizes, o tal “super desafio”. Dessa forma, as mulheres são expostas em uma vitrine e cafetinadas pela indústria pornô. O anúncio para novas atrizes, alias, poderia facilmente ser confundido com um anúncio para uma “casa de massagens” ou outro eufemismo do tipo. Pede-se mulheres que gostem de sexo sem restrições.O que isso significa? “Curta ser estuprada”? “Não se incomode em ter sua vontade ignorada”? Isso soa ainda mais hipócrita quando lembramos que a maioria dos homens não curte fazer oral ou fio terra. Que restrições estamos falando?

Os homens, por outro lado, são ganhadores do prêmio ou convidados a se arriscarem no maravilhoso mundo porn, mandar ver numas bucetinhas e ainda ganhar uma grana. Eles são vencedores por excelência, ganhadores, agraciados. O prêmio é comer umas safadas.

Serto.

E o que você tem a ver com isso?

Nosso primeiro post já falava sobre a influência nefasta da pornografia na vida real de homens e em especial mulheres, e o reality dO Brasileirinhas é mais um desdobramento desse controle e tolhimento sexual promovidos pela pornografia.

Mais além, a forma de difusão, venda e marketing utilizada pelos realitys show terem chegado ao universo pornô, que já conta com suas mazelas especificas é mais um passo na objetificação da mulher e naturalização de práticas sexuais que não necessariamente são autorizadas ou prazerosas para as mulheres. A lógica dos “desafios” é justamente essa: propor uma situação para a mulher participante que por principio há de ser degradante. A seleção aleatória dos parceiros – por sorteio para os homens, desafio/imposição para as mulheres – reafirma a lógica pornográfica de mulher como buraco e não como individua ativa de sua sexualidade. Na vida real fora dos shows de realidade, homens e mulheres reproduzem e naturalizam esses comportamentos, valorizando o comportamento agressivo e misógino masculino e tolhendo a sexualidade feminina.

Nesse rolê, mesmo quando não assinamos o pay per view corremos o risco de ir parar na cama com alguém que usa esse tipo de conteúdo como enciclopédia sexual.

Quanto ao Rafinha bastos, essa foi só uma oportunidade de alimentar a web com mais uma critica a esse panaca.

[1] A Silvia Viana é uma das manas que pesquisou sobre isso e escreveu um livro foda (http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1368)