Buceta: essa nossa velha desconhecida

Pode parecer estranho falar, mas quem tem uma buceta – leia-se abaixo o AVISO IMPORTANTE – sabe como é complicado mantê-la. Não me refiro a limpeza, até porque nesses meus 28 anos de propriedade de uma eu nunca vi campanha pra me ensinar/convencer a lava-la.

Lave o pinto

Grandes astros do futebol recomendam: Lave o pinto.

AVISO IMPORTANTE: 

Esse texto, bem como o blog e suas mantenedoras têm interesse zero em estabelecer se você é mulher por nascer ou não com uma buceta. Na real, a reprodução de comportamentos machistas ligados ao sexo e expressos na pornografia é o que nos embuceta mais.

Pra escrever o texto, inclusive, realizei uma experiência simples que você pode reproduzir: abra duas abas no navegador (vai, até celular faz isso): em uma tu digita “caralho” e em outra “buceta”.

Viu?

Essa experiência simples mostra exatamente como nossa sociedade tem se comportado em relação a gênero. E é aí que a pornografia mostra como tem TUDO a ver com esse CARALHO de sociedade.

O caralho. Ah o caralho! Membro viril, admiração e entusiasmo!
Já a buceta, na esquizofrenia da pornografia, é “gostosa e maravilhosa”. É também “apertadinha”. “Safadinha” . “Louca para ser fodida”.
Falando assim, até parece que caralho também não está relacionado de alguma forma a sexo, e, assim, à pornografia.

Mas bem, parece mesmo.

Todo modo, se eu quiser ver como uma buceta funciona eu tenho duas opções: 1) olhar a minha; 2) ver fotos/vídeos de uma “existindo no mundo”. Se você tem uma buceta, parabéns, você já pode explorar sua amiguinha.

Se toca

Imagens meramente ilustrativas

A gente sabe, no entanto, que tem um número preocupante (sério!) de mulheres que não se tocam [;)] que mexer na pepeka é legal. Porque é feio, mau, dá espinha, é sujo, não é legal, não é certo ou “o que você precisa mesmo é de um caralho”. Some-se a isso a demonização da buceta através do, vamos chamá-lo assim, “mito do bacalhau” (mais de mil homens morrem por ano de câncer no pênis, viu?), do nojinho de menstruação, etc. Na pornografia industrializada de larga escala (e noutras também) o sexo oral na mulher é praxe e burocrático, como parece ser problema constante na vida real[1]. É só uma etapa pra penetração, já que tudo se trata, claro, do CARALHO.

Pra quem não sabe, uma novidade: siririca não é, nunca foi, uma buceta emular um pênis, ou uma mulher se tocar imaginando um homem, ou uma “alternativa viável” ao sexo. Siririca é você, que tem uma buceta, explorar essa cavidade que, a gente descobre isso na primeira infância, é daora demais de mexer. Explorar como quiser, mas entender o que é e pra que serve.

Se você não tem uma buceta – ou não quer mexer na sua (é uma pena), ainda existe o audiovisual, né mesmo?

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Problema é que essas vaginas não são reais. Vira e mexe aparece uma playboy (demorou a falir hein?) criando POLÊMICA acerca da quantidade de pelos que fulana tinha ou não na vagina. Mas bucetas reais – aqueles monstros[2] – são peludas, ou pelo menos depiladas. Bucetas reais também são consumidoras potenciais de uma gama de produtos (inclusive da referencia [1]) pra torná-las mais agradáveis, assim como a suas proprietárias. Bucetas reais não são loucas para serem fodidas. Nem arrombadas. Alias, elas devem ser apertadinhas pra quê? Pra que alguém as veja serem arrombadas?

O comportamento esquizofrênico com a buceta é o mesmo comportamento com a mulher na pornografia e em escala na sociedade machista: numa mão se acaricia o lindo animal, na outra se passa a coleira, educando, com raízes profundas, pela dominação-submissão. Bucetas são maravilhosas. Mas são arrombadas.

A dependência sexual que a pornografia industrializada impõe do CARALHO, assim, maiúsculo, “viril” e imponente se constrói, naturalmente, sobre a imagem exaustivamente explorada da buceta revirada. Para se louvar o forte, se constrói e expõe o “fraco”. O importante, em muitos casos, é muito mais mostrar a dominação (através inclusive da humilhação) do que “se relacionar” ou interagir de fato – if you know what I mean – com a buceta. Mesmo em películas de sexo apenas entre mulheres, na maior parte das vezes, tem que existir um momento de penetração. Na rua (e em categorias pornos mais “obscuras”) estupro seria uma forma de “corrigir” a conduta sexual e afetiva dessas mulheres.

A saída, me parece óbvia tampouco deve ser novidade:
Ressignifiquemos a buceta (y)

ai como eu to bandida

 

Pra organizar a resistência:

Um manual da proprietária
Um vídeo didático (ht) sobre como chupar uma mulher pique patrão
Uma lista infinita de como as pessoas batem siririca (sei lá, achei que podia ser interessante)

[1]http://www.otempo.com.br/interessa/pesquisa-aponta-que-mais-de-um-ter%C3%A7o-dos-homens-sente-nojo-de-vaginas-1.933315
[2]http://noturnoeimperfeito.blogspot.com.br/2009/03/nao-gosto-de-buceta.html